quarta-feira, 6 de abril de 2022

O DESINTERESSE POLÍTICO DOS ESTUDANTES

 

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O desinteresse político dos estudantes

06.04.2021

Muito embora o Brasil esteja vivendo um período bastante intenso em que a disputa pela reeleição tenha se tornado uma demonstração de radicalismo de ideologias, disputas sanitárias e declarações de fobias de todo tipo, campanha essa entremeada por alguns poucos políticos que disputam posições, essa luta tornar-se-á tão mais intensa quanto vai se reduzindo o prazo para o dia das eleições, enquanto o candidato do governo continua ainda distante do primeiro colocado.

A participação popular aberta é quase nula, como é próprio do nosso tempo, diferentemente de outras épocas, quando as passeatas e comícios, agora proibidos pela Justiça Eleitoral, movimentavam as campanhas. Também políticos de um modo geral manifestam-se pelas redes, formando esse caldeirão político próprio de campanhas eleitorais.

Lembrei-me agora dos estudantes. Onde estão os estudantes? A agitação muito própria dos jovens também foi arrefecida por novos usos e costumes, e há muito não é percebida pela sociedade. Lembremo-nos de que muitos dos atuais parlamentares iniciaram sua vida pública nos embates políticos de quando eram estudantes. Sinto não ver a juventude se manifestar, com o seu ardor próprio.

Esses últimos dois anos de pandemia, com todo mundo em casa, isolou a juventude das suas turmas e dos questionamentos próprios da idade. Mas bem antes disso, com a disseminação do celular e das redes sociais, a aglomeração de jovens dá-se mais em festivais de música, onde vez por outra sabemos de algumas manifestações políticas.

O desinteresse do jovem pela política e sua participação nela é evidenciada na acentuada queda do nível de alistamento eleitoral recente. Entre 2016 e 2021, a queda foi de 68,2%; Isso já sinaliza o que a juventude pensa sobre a política.  

O que vemos é um certo distanciamento desse extrato social das discussões dos destinos do país. Os universitários seguidos dos secundaristas, sempre participaram dessas discussões, seja nos seus ambientes escolares, seja nas ruas onde se manifestavam através de palavras de ordem fortemente incentivadoras aos seus objetivos do movimento.

Como consequência, não surgem renovações de ideias que possam provocar a manifestação da sociedade e a empolgue. Assistimos ao envelhecimento das câmaras estaduais, municipais e federais, nas quais os mais novos desses grupos, invariavelmente são filhos ou herdeiros políticos dos mais velhos, impedindo o rejuvenescimento das ideias e soluções para os inúmeros problemas da nossa sociedade. São problemas como a falta de rede de esgotos, a deficiente assistência à saúde e educação, a falta de uma reforma tributária que permite que a inflação atinja sempre os mais necessitados, a falta de emprego que deixa famílias inteiras na penúria.  Quando a propaganda eleitoral começar, veremos surgir as propostas miraculosas. Enquanto isso, os políticos de plantão já estão cuidando de suas caixas e campanhas, seja pelo Fundo Eleitoral de $4,9 bilhões bancados por todos nós brasileiros, valor esse quase 200% maior que a previsão inicial, seja pelas manobras de corrupção como estamos vendo acontecer no Ministério da Educação, e na recente licitação de ônibus escolares, suspensa pelo Tribunal de Contas da União.

Voltando ao título desse blog, duvido que jamais voltemos a ver a participação maciça dos estudantes como outrora, muito embora essa energia latente da juventude possa vir a se manifestar de outras formas, caso sejamos atingidos por alguma ideia instigante e renovadora, por algum milagre da manifestação política.

Odisseia Sentimental

Wilton Oliveira