DIÁRIO DE UM CIDADÃO
O desinteresse político dos estudantes
06.04.2021
Muito embora o Brasil esteja vivendo
um período bastante intenso em que a disputa pela reeleição tenha se tornado
uma demonstração de radicalismo de ideologias, disputas sanitárias e declarações
de fobias de todo tipo, campanha essa entremeada por alguns poucos políticos
que disputam posições, essa luta tornar-se-á tão mais intensa quanto vai se reduzindo
o prazo para o dia das eleições, enquanto o candidato do governo continua ainda
distante do primeiro colocado.
A
participação popular aberta é quase nula, como é próprio do nosso tempo,
diferentemente de outras épocas, quando as passeatas e comícios, agora proibidos
pela Justiça Eleitoral, movimentavam as campanhas. Também políticos de um modo
geral manifestam-se pelas redes, formando esse caldeirão político próprio de
campanhas eleitorais.
Lembrei-me
agora dos estudantes. Onde estão os estudantes? A agitação muito própria dos
jovens também foi arrefecida por novos usos e costumes, e há muito não é
percebida pela sociedade. Lembremo-nos de que muitos dos atuais parlamentares
iniciaram sua vida pública nos embates políticos de quando eram estudantes.
Sinto não ver a juventude se manifestar, com o seu ardor próprio.
Esses
últimos dois anos de pandemia, com todo mundo em casa, isolou a juventude das
suas turmas e dos questionamentos próprios da idade. Mas bem antes disso, com a
disseminação do celular e das redes sociais, a aglomeração de jovens dá-se mais
em festivais de música, onde vez por outra sabemos de algumas manifestações
políticas.
O
desinteresse do jovem pela política e sua participação nela é evidenciada na
acentuada queda do nível de alistamento eleitoral recente. Entre 2016 e 2021, a
queda foi de 68,2%; Isso já sinaliza o que a juventude pensa sobre a política.
O
que vemos é um certo distanciamento desse extrato social das discussões dos
destinos do país. Os universitários seguidos dos secundaristas, sempre
participaram dessas discussões, seja nos seus ambientes escolares, seja nas
ruas onde se manifestavam através de palavras de ordem fortemente
incentivadoras aos seus objetivos do movimento.
Como
consequência, não surgem renovações de ideias que possam provocar a
manifestação da sociedade e a empolgue. Assistimos ao envelhecimento das
câmaras estaduais, municipais e federais, nas quais os mais novos desses
grupos, invariavelmente são filhos ou herdeiros políticos dos mais velhos,
impedindo o rejuvenescimento das ideias e soluções para os inúmeros problemas
da nossa sociedade. São problemas como a falta de rede de esgotos, a deficiente
assistência à saúde e educação, a falta de uma reforma tributária que permite
que a inflação atinja sempre os mais necessitados, a falta de emprego que deixa
famílias inteiras na penúria. Quando a
propaganda eleitoral começar, veremos surgir as propostas miraculosas. Enquanto
isso, os políticos de plantão já estão cuidando de suas caixas e campanhas,
seja pelo Fundo Eleitoral de $4,9 bilhões bancados por todos nós brasileiros,
valor esse quase 200% maior que a previsão inicial, seja pelas manobras de
corrupção como estamos vendo acontecer no Ministério da Educação, e na recente
licitação de ônibus escolares, suspensa pelo Tribunal de Contas da União.
Voltando
ao título desse blog, duvido que jamais voltemos a ver a participação maciça
dos estudantes como outrora, muito embora essa energia latente da juventude
possa vir a se manifestar de outras formas, caso sejamos atingidos por alguma
ideia instigante e renovadora, por algum milagre da manifestação política.
Odisseia
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