quarta-feira, 16 de abril de 2008

CONVIVÊNCIA



O que é conviver? Segundo a Enciclopédia Britânica do Brasil é: ter convivência, ter intimidade, viver em comum.
Dessa forma, vivendo em comum, estamos sujeitos a intimidades, o que nos permite adentrarmos nos usos e costumes particulares de cada um com quem convivemos, seja em casa, no trabalho ou mesmo no lazer diário com o nosso grupo.
Como cada um de nós é um indivíduo único, jamais podemos ter a pretensão de encontrarmos um par igual, no máximo um aceitável, e é justamente aí que os conflitos podem surgir, caso não exista um forte respeito aos limites que a maioria de nós estabelece como nossas fronteiras de acesso exterior.
Alguns permitem um acesso maior, outros mais introspectivos, menor, e outros ainda não permitem quase nada, sendo que estes últimos constituem indivíduos mais solitários porque têm maiores dificuldades de relacionamento. Na convivência vamos aos poucos conhecendo as nossas fronteiras, os nossos limites (e os dos outros), processo esse que muitas vezes é precedido de algum aborrecimento, em vista do confronto estabelecido pelos limites individuais invadidos.
Podemos relacionar alguns tipos de personalidades para esse nosso artigo:
1. Os que são bastante flexíveis aceitando mais que outros, essas “invasões”;
2. Os do grupo acima, mas que a cada invasão uma dose de “stress” é injetada no seu organismo;
3. Os que conscientemente não respeitam os limites de ninguém, preocupando-se apenas com as suas conveniências momentâneas;
4. Os que estão tão preocupados com as suas próprias necessidades de momento, que esquecem as “fronteiras” dos demais;
5. Os que aceitam até um determinado limite, mas que reagem agressivamente qualquer ultrapassagem;
6. Os do grupo acima mas que sua agressividade só se manifesta após o “invasor” reagir negativamente ao clamor dos direitos do “invadido”;
7. Os que são totalmente flexíveis e acham que todos devem ser iguais, e por isso acham-se no direito de ultrapassar os direitos ou fronteiras de qualquer um;
8. Os aproveitadores, que pensam que a vida é dos espertos e podem usar a “lei de Gerson”, porque só vence quem sabe aproveitar as oportunidades e pula por cima dos outros.
9. Outros ainda não permitem qualquer acesso, e nesse caso não têm muita chance de uma convivência social.
10. Por fim, temos aqueles que por estarem vivendo um momento de paixão, tudo é permitido, nada incomoda.
Para o nosso processo de adaptação em primeiro lugar devemos saber em que grupo nos colocamos e onde queremos nos colocar, e ainda tem um fator importantíssimo que é o nível de amizade ou de amor que temos em relação ao outro, o que vai definir boa parte da flexibilidade.
Eu por exemplo encaixo-me no grupo seis. Aceito as invasões desde que considere justificadas exigindo porém que mantenham “minha área” da mesma forma como a encontraram. É justo? Acho que é.
Você, minha amiga ou meu amigo, se gostam de manter sua privacidade e não estão conseguindo, tranquem o que for possível. É isso mesmo, tranquem. É uma forma de defesa; você não se estressa e não causa aborrecimentos aos demais. Se você tem itens que interessam aos demais, compre ou não os itens de uso comum, mantendo os seus, trancados. Mesmo fazendo isso, muitas vezes o aborrecimento aparece. pois você pode ser considerado um “chato”; isso mesmo, “um chato”.
Como fazer? Não existe uma fórmula. Temos que aprender o que menor dano nos causar, e o menor número de atritos possamos iniciar, mas uma coisa é sumamente importante e imprescindível para a nossa convivência social e familiar: temos que descobrir os nossos mecanismos psicológicos de defesa, sem que o mesmo prejudique nos nossos relacionamentos.
E os do grupo 10? Bem, esses estão sob a ação de Cupido, e nada os incomodará; pelo menos enquanto durar a paixão !

O MAIOR VALOR DA VIDA


Recentemente um famoso violonista, após um concorridíssimo concerto, resolveu postar-se em uma estação ferroviária, e utilizando o mesmo violino Stradivarius (de mais de 300 anos e de valor de milhares de dólares), começou a tocar algumas das obras da sua apresentação no teatro.
Diferentemente da sua primeira apresentação, essa segunda não chegou a atrair ninguém; ele ficou lá sozinho, tocando, sem qualquer espectador.
Essa diferenciação comportamental nos leva a questionar, porque na grande maioria das vezes, só damos valor às coisas quando as mesmas estão em um determinado contexto, em uma determinada moldura ou envolta em uma grife.
Infelizmente, a humanidade tende a agir assim ao analisar superficialmente pessoas, bens materiais, eventos, etc..
Eis alguns exemplos: 1. ser bem atendido em uma loja vai depender muito da qualidade de sua roupa; 2. O julgamento que fazemos de alguém dirigindo um carro velho com certeza não é de uma boa condição de abastança do mesmo; 3. a atração que exerce roupas de grife é imensamente maior que aquelas sem marca; 4 compare também o público e a divulgação de uma apresentação artística em local famoso com outro semelhante em local menos conhecido.
Mas, e será que no amor nos comportamos assim também? Salvo aquelas exceções de quem procura um par rico ou bem de vida, a grande maioria é fisgada pelos meandros desconhecidos do nosso coração, o qual consegue até suportar comportamentos que outros não perdoariam ou resistiriam conviver por muito tempo.
Mas, como podemos viver toda uma vida sem sermos atingidos por esse consumismo que ameaça sufocar até a nossa sobrevivência, ou pelo menos ignorá-lo em boa parte? É difícil, de alguma forma seremos atingidos, mas os mais preparados ou menos aquinhoados da sorte conseguirão um afastamento maior.
Voltando ao amor, esse sentimento supera, beleza, riqueza, idade, formação, supera tudo; é até um pouco cego, e consegue inclusive superar o racional, o aconselhável, o normal social, enfrenta tudo, consegue que o dono ou dona desse coração abdique até um trono real como já aconteceu na Inglaterra. Nem quando queremos deixar de amar, não conseguimos. O sentimento só irá se esvair no seu próprio tempo. Mas pelo menos é um sentimento autêntico, franco, não é falso como as vaidades normais.
Dessa forma, concluímos que o real valor das coisas da vida começa e termina com o amor, puro e simplesmente, todo o resto é acessório.
Só tem uma dificuldade: vivermos sempre no amor.