
Há mais de quarenta anos atrás eu estava lendo um livro de um escritor brasileiro (Viana Moog) que tentava explicar as grandes diferenças de desenvolvimento entre o Brasil e os Estados Unidos. Entre outras coisas, o autor relacionava as origens dos colonizadores, e as dificuldades que os nossos bandeirantes enfrentaram para vencer as escarpas da Serra do Mar em direção ao oeste.
Naquela época eu estava me preparando para estudar nos Estados Unidos e tinha que ter respostas para algumas questões que também me inquietavam e que poderiam ser feitas na minha estadia por lá.
Ao longo de todos esses anos e acompanhando o nosso desenvolvimento, nunca me senti tão orgulhoso desse país como agora.
Na realidade, essa luta desenvolvimentista não é nova e não começou agora. Tem sido uma luta que não começou agora. Mas nunca relacionamos e concentramos tantas vitórias internas e externas como nos últimos anos.
Comecemos pela indústria que até recentemente se ressentia de uma situação de capacidade ociosa, para uma situação atual de ter que trabalhar em horas extras para atender à demanda, como é o caso da indústria automobilística, eletroeletrônica, alimentos, construção civil, etc. Só neste ano de 2008, a automobilística irá investir cerca de cinco bilhões de dólares na ampliação da capacidade produtiva. Para termos uma idéia do que isso significa, esse valor é superior ao que foi investido na década de 90, quando sete montadoras se instalaram no Brasil.
A construção civil, líder na absorção de mão de obra, está em ritmo acelerado, tão intenso que esta provocando a falta de cimento, gruas, mão de obra, etc. Por conta desse fato, a indústria cimenteira nacional já se prepara para investir na construção de cerca de dez novas fábricas para suprir esse mercado.
Se também pensarmos na nossa antiga dependência externa no setor de petróleo, podemos nos ufanar que hoje, embora as nossas contas de petróleo ainda estejam negativas, serão decididamente positivas em futuro bem próximo, como indicam as recentes pesquisas da Petrobrás na camada pré-sal.
É bem verdade que esse “boom” de desenvolvimento cobra o seu preço, que é colocar à mostra as nossas deficiências de falta de infra-estrutura que ainda não suporta tão alto volume de movimentação de carga. Começa com os nossos portos altamente ineficientes e caros, as nossas estradas devastadas por falta de manutenção, falta de silos para armazenar os nossos crescentes recordes de produção agrícola, e uma mais séria que é a nossa falta de mão de obra especializada.
Todos esses êxitos, associados a uma economia estável e reconhecida pelos órgãos internacionais de análise de risco, têm atraído o investimento internacional e contribuído para engordar as nossas divisas, reduzindo os nossos riscos de sermos atingidos por uma crise internacional, fortalecendo a nossa moeda, o real, a ponto de um dos maiores investidores do mundo, o americano Warren Buffet ter conquistado em 2007 a liderança do “ranking” das maiores fortunas do mundo, por conta de sua investida no mercado de câmbio, imaginem onde? Na nossa moeda tupiniquim, o real.
Até a nossa combalida educação, começa a dar sinais positivos de desenvolvimento, com índices que estão se movimentando, sinalizando uma esperança maior para a sua absorção para esse mercado em crescimento.
Estamos vendo também a explosão desenvolvimentista das nossas indústrias que começam a se transformar em multinacionais como é o caso da Vale, Gerdau, Perdigão, Embraer, a comprando empresas inclusive nos Estados Unidos, algo impensável por Viana Moog.
A nossa agricultura explode em recordes de produção, e agora somos alvos de uma campanha internacional difamatória contra a nossa liderança mundial no setor de produção de energia com base no etanol, além de dificuldades impostas à nossa exportação de carnes, onde também somos líderes.
Certamente que ainda não estamos prontos a ultrapassar os Estados Unidos, mas com certeza estamos em uma estrada bem melhor, onde estamos vencendo as nossas barreiras genéticas e geográficas e rumamos à nossa auto-afirmação e sustentação.
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