sábado, 9 de dezembro de 2017

O efeito Tiririca

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


O EFEITO TIRIRICA
09.12.2017

Resultado de imagem para barco a velaOs oito minutos do discurso de Tiririca nesta última quarta-feira dia 6 de dezembro de 2017 tiveram um efeito bombástico sobre os seus colegas parlamentares a quem prometeu não revelar detalhes das mazelas que viu e ouviu ao longo dos últimos seis anos, mas que não podia de deixar de divulgar a sua decepção pelo vergonhoso comportamento da quase totalidade dos 513 deputados federais, aos quais, da mesma forma, dirige sua mais profunda rejeição quase 70% do povo brasileiro, cansado das mentiras, roubos, incompetência, mesquinhez e falta absoluta de qualquer caráter que se aproveite.
O tapa que Tiririca deu na Câmara Federal valeu mais que qualquer postagem nossa, pois foi um tapa desferido por alguém de dentro, com ampla divulgação da imprensa, o que não acontece com qualquer uma das inúmeras postagens de nós pobres mortais, nas redes sociais.
Tiririca não apenas atingiu o colegiado com palavras, mas com seu exemplo de comportamento sério apesar de palhaço por profissão, assíduo no seu trabalho, sem se utilizar de carros oficiais porque usa o seu, e votando sempre com o povo, como declarou. Já li alguns comentários que pretendem minimiza-lo como político falando dos seus votos para presidente, mas nada disso irá reduzir a importância do seu discurso simples, de um homem humilde, porém consagrado por uma imensa quantidade de eleitores. Ninguém pode ser condenado pelo voto livre e desinteressado que dá a alguém; diferente de quem vende o seu.
Vimos nesse discurso a confirmação oficial da descaração que impera nessa casa legislativa, que não é, em absoluto, diferente do Senado e das câmaras estaduais e municipais espalhadas pelo Brasil, que muito mais do que serviços, só fazem onerar o erário público, reduzindo ainda mais os níveis de educação, segurança e saúde da nossa sofrida sociedade, que de bom grado gostaria de se ver livre de pelo menos dois terços dessa corja de sugadores do sangue do nosso povo.
Após ser sufragado em duas eleições consecutivas, resolve abdicar das mordomias proporcionadas pelo mandato, atitude inconcebível pela grande maioria dos sanguessugas, seus colegas.
Esse palhaço, artista popular falou por uma imensa fatia do povo brasileiro, sem máscara, sem fazer graça, mas com a simplicidade própria de alguém convicto da sua posição, que um dia imaginou ajudar o povo através de uma representação democrática, mas que em lá chegando, verificou que o ambiente parlamentar é tudo menos um digno representante da sociedade brasileira.

WILTON OLIVEIRA

domingo, 3 de dezembro de 2017

O NATAL DE QUEM NÃO VAI TER

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


O Natal de quem não vai ter
04.12.2017
Resultado de imagem para BARCO A VELADezembro chegou! E com ele as luzes, as cores, as publicidades insistentes de que Natal bom é aqui, ali, etc., o Papai Noel e seus brinquedos e sonhos, e aqui antevejo logo os olhinhos das crianças brilhando de ansiedade. As lojas fervilhando de gente, os estacionamentos cheios, o trânsito insuportável. São muitos os sinais de que a opulência está ao alcance de todos, e todos podem ter tal e qual produto. As tentações são muitas, e igualmente as frustrações.
É um mês que naturalmente nos convida à reflexão existencial, levando-nos muitas vezes a uma introspecção que incita a nossa imaginação às nossas próprias fraquezas, nossas necessidades, nossos problemas familiares e de relacionamentos, nossas dúvidas de fé (para quem é religioso), nossas inseguranças profissionais, nossos sonhos não realizados, etc. Face a essas misérias que presenciamos por todos os lados, chegamos a questionar até o próprio Deus, esquecendo que são as nossas incompetências, egoísmo e falta de iniciativa que fazem permanecer e proliferar tais quadros de exclusão.
É também um mês apropriado para um balanço de nossas vidas, o que fizemos e o que deixamos de fazer, o que aprendemos e o que nos servirá de lição para o futuro, os amigos que fizemos, os que mantivemos e os que merecem ser chamados como tal. O que realizamos profissionalmente, o que poderíamos ter feito diferente e melhor, os laços familiares que foram melhorados; contabilizemos as vezes que declaramos o nosso amor a quem merece, as vezes que visitamos aquele parente ou amigo acamado, as vezes que dirigimos nossas orações a Deus pedindo e agradecendo pela vida. É também um tempo de meditarmos o que fizemos pelo nosso próximo, principalmente os mais carentes material e sentimentalmente. Lembremo-nos de nossos pais e o legado que nos deixaram.
É igualmente um mês em que as desigualdades sociais são normalmente destacadas em virtude dos apelos de doações, de ações voluntárias, etc. E nesse balanço que fazemos, não podemos excluir o lamaçal político em que estamos imersos, muita coisa boa acontecendo em termos de punição, mas a investigação cada vez mais abrindo as portas do inferno de corrupção, que não tem setor que não seja atingido por essa onda de desonestidade, de crueldade que atinge a todos e massacra os mais necessitados. E aqui chamo a atenção para o nosso papel de eleitor, já que fomos nós que elegemos toda essa corja.
Alguns acham um mês triste, e de certa forma o é, pelo lado de reminiscências que nos evoca, pelos parentes que já nos deixaram, pelos pobres e sem teto que continuarão a dormir nas calçadas, pelos moradores da caatinga sem água, sem agricultura vendo os animais morrerem de sede, e com eles um resto de poupança que mantinham.
Lembremo-nos de rezar por todos esses necessitados, de pedir ao Pai por nós, por mim e por você que lê estas minhas palavras. Peçamos principalmente por inspiração por ações nossas em prol de quem precisa de nós, começando pelos mais próximos, mas também por muitos de nossa comunidade, que adorariam privar de nossa companhia, de nossos conhecimentos, de nossos conselhos, de nossa amizade.
E será que algum dia o Natal será diferente, será o ideal que imaginamos? Não acredito, mas procuremos fazer a nossa parte.
E que todos nós sejamos inspirados pelo espírito de Natal, pelo filho de Deus que é a razão de toda essa celebração.

WILTON OLIVEIRA