DIÁRIO DE UM CIDADÃO
O Natal de quem não vai ter
04.12.2017

É
um mês que naturalmente nos convida à reflexão existencial, levando-nos muitas
vezes a uma introspecção que incita a nossa imaginação às nossas próprias
fraquezas, nossas necessidades, nossos problemas familiares e de
relacionamentos, nossas dúvidas de fé (para quem é religioso), nossas
inseguranças profissionais, nossos sonhos não realizados, etc. Face a essas
misérias que presenciamos por todos os lados, chegamos a questionar até o
próprio Deus, esquecendo que são as nossas incompetências, egoísmo e falta de
iniciativa que fazem permanecer e proliferar tais quadros de exclusão.
É
também um mês apropriado para um balanço de nossas vidas, o que fizemos e o que
deixamos de fazer, o que aprendemos e o que nos servirá de lição para o futuro,
os amigos que fizemos, os que mantivemos e os que merecem ser chamados como tal.
O que realizamos profissionalmente, o que poderíamos ter feito diferente e
melhor, os laços familiares que foram melhorados; contabilizemos as vezes que
declaramos o nosso amor a quem merece, as vezes que visitamos aquele parente ou
amigo acamado, as vezes que dirigimos nossas orações a Deus pedindo e
agradecendo pela vida. É também um tempo de meditarmos o que fizemos pelo nosso
próximo, principalmente os mais carentes material e sentimentalmente.
Lembremo-nos de nossos pais e o legado que nos deixaram.
É
igualmente um mês em que as desigualdades sociais são normalmente destacadas em
virtude dos apelos de doações, de ações voluntárias, etc. E nesse balanço que
fazemos, não podemos excluir o lamaçal político em que estamos imersos, muita
coisa boa acontecendo em termos de punição, mas a investigação cada vez mais
abrindo as portas do inferno de corrupção, que não tem setor que não seja
atingido por essa onda de desonestidade, de crueldade que atinge a todos e
massacra os mais necessitados. E aqui chamo a atenção para o nosso papel de
eleitor, já que fomos nós que elegemos toda essa corja.
Alguns
acham um mês triste, e de certa forma o é, pelo lado de reminiscências que nos
evoca, pelos parentes que já nos deixaram, pelos pobres e sem teto que
continuarão a dormir nas calçadas, pelos moradores da caatinga sem água, sem
agricultura vendo os animais morrerem de sede, e com eles um resto de poupança
que mantinham.
Lembremo-nos
de rezar por todos esses necessitados, de pedir ao Pai por nós, por mim e por
você que lê estas minhas palavras. Peçamos principalmente por inspiração por
ações nossas em prol de quem precisa de nós, começando pelos mais próximos, mas
também por muitos de nossa comunidade, que adorariam privar de nossa companhia,
de nossos conhecimentos, de nossos conselhos, de nossa amizade.
E
será que algum dia o Natal será diferente, será o ideal que imaginamos? Não
acredito, mas procuremos fazer a nossa parte.
E
que todos nós sejamos inspirados pelo espírito de Natal, pelo filho de Deus que
é a razão de toda essa celebração.
WILTON
OLIVEIRA
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