DIÁRIO DE UM CIDADÃO
Um
voto de vingança
17.10.2018
Já casado, ingressei na
Igreja Católica, e poucos anos depois, ajudei a fundar uma associação de bairro
de uma comunidade vizinha, a qual acompanhei semanalmente por mais de trinta anos,
onde ainda hoje faço uma visita umas duas vezes por mês. Acrescento a essa minha pequena
contribuição comunitária três anos atuando como catequista em uma escola
noturna anexa à minha igreja, frequentada basicamente por trabalhadores
autônomos do bairro.
Aprendi a entender os
valores, usos, costumes e carências dessa comunidade, fazendo-me ver que
aqueles que como eu tiveram a oportunidade de uma melhor educação, podem e
devem ajudar a quem tem menos, nem que seja com uma palavra amiga, um conselho,
uma informação de quem conhece mais o sistema social.
Vi uma melhora no nível de
vida dessas comunidades mais carentes a partir do Plano Real, e depois com a
política social dos governos do PT, elevando a autoestima dessas populações,
com melhores oportunidades na educação, emprego e renda. Essa é uma realidade
que vivi, é irrefutável, por mais argumentos que se use contra alguns desmandos
perpetrados pelo partido.
A minha experiência
profissional como administrador foi mais longa em uma multinacional americana,
seguida por passagens no serviço público e em outras empresas privadas.
Faço esse resumo da minha
vida, para demonstrar que eu sempre pendi para uma participação comunitária com
comunidades carentes, pelo simples desejo de poder ajudar, e poder aliar a
oração à ação, apesar de viver em outra realidade.
Com essa minha vivência e
formação, jamais eu poderia ser levado a apoiar qualquer tendência política que
priorizasse as classes mais abastadas em detrimento aos mais fracos, que sempre
foram vítimas e usados, desde a colonização do Brasil.
Infelizmente, fomos vítimas
da fraqueza e da ganância próprios do ser humano, e de que nem o próprio Cristo
se livrou, pois teve um companheiro que lhe roubou e traiu. Fomos seriamente
prejudicados nos programas de saúde, educação e segurança, pelos recursos
desviados, além de termos sido ceifados em mais de dez milhões de empregos. Tudo
isso tinha que ter uma consequência política, além das naturais policiais e
jurídicas, resultando em pesadas baixas nas hostes dos seguidores. Esse povo
assiste desde 2013 as manifestações de rua, multidões clamando por justiça,
contra os políticos corruptos, os desmandos, abusos do poder e o desemprego que
fizeram desaparecer sonhos e ilusões, além da desagregação familiar que ocorre
em milhares de famílias, e até hoje quase nada mudou.
E assim instalou-se no
Brasil um campo propício à manifestação de uma filosofia autoritária, pseudo
salvadora, que de tempos em tempos aparece em muitas sociedades, a exemplo da recente
americana, da tentativa na França, e até na pacata Suíça. Lembro ainda que após
o assassinato de Julio Cesar em Roma, quando foi destruída a República, sucedeu-lhe
um governo autocrático.
A ascensão política desse
desconhecido deputado capitão reformado do exército, defensor de torturador,
inimigo declarado de minorias sociais, tem muito a ver com a revolta do povo,
que sem ter pra quem apelar, se agarra ao primeiro ilusionista que aparece,
como se todos os nossos problemas pudessem ser resolvidos pelo presidente, ignorando
a constituição, e os poderes legislativo e judiciário. Color foi eleito com
esses rompantes autoritários (caçador de marajás), e vejam como ele terminou.
Não votarei nesse militar
porque analisei com responsabilidade a nossa situação e as propostas armamentistas,
e estou deveras preocupado, porque não vejo nesse professor de educação física,
nenhuma qualidade que o promova além de um chefe de polícia.
WILTON
OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br