quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Um voto de vingança


DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Um voto de vingança
17.10.2018

Resultado de imagem para barco a velaConsidero-me razoavelmente instruído no que diz respeito à história contemporânea, seja através da leitura constante, seja através das minhas experiências e observações pessoais ao longo da minha vida, sempre acompanhando os movimentos políticos do Brasil e do exterior. A minha convivência nos Estados Unidos ajudou-me a abrir a consciência crítica, observando os usos, costumes e reações de outra sociedade diferente da brasileira.   
Já casado, ingressei na Igreja Católica, e poucos anos depois, ajudei a fundar uma associação de bairro de uma comunidade vizinha, a qual acompanhei semanalmente por mais de trinta anos, onde ainda hoje faço uma visita umas duas vezes  por mês. Acrescento a essa minha pequena contribuição comunitária três anos atuando como catequista em uma escola noturna anexa à minha igreja, frequentada basicamente por trabalhadores autônomos do bairro.
Aprendi a entender os valores, usos, costumes e carências dessa comunidade, fazendo-me ver que aqueles que como eu tiveram a oportunidade de uma melhor educação, podem e devem ajudar a quem tem menos, nem que seja com uma palavra amiga, um conselho, uma informação de quem conhece mais o sistema social.
Vi uma melhora no nível de vida dessas comunidades mais carentes a partir do Plano Real, e depois com a política social dos governos do PT, elevando a autoestima dessas populações, com melhores oportunidades na educação, emprego e renda. Essa é uma realidade que vivi, é irrefutável, por mais argumentos que se use contra alguns desmandos perpetrados pelo partido.
A minha experiência profissional como administrador foi mais longa em uma multinacional americana, seguida por passagens no serviço público e em outras empresas privadas.
Faço esse resumo da minha vida, para demonstrar que eu sempre pendi para uma participação comunitária com comunidades carentes, pelo simples desejo de poder ajudar, e poder aliar a oração à ação, apesar de viver em outra realidade.
Com essa minha vivência e formação, jamais eu poderia ser levado a apoiar qualquer tendência política que priorizasse as classes mais abastadas em detrimento aos mais fracos, que sempre foram vítimas e usados, desde a colonização do Brasil.
Infelizmente, fomos vítimas da fraqueza e da ganância próprios do ser humano, e de que nem o próprio Cristo se livrou, pois teve um companheiro que lhe roubou e traiu. Fomos seriamente prejudicados nos programas de saúde, educação e segurança, pelos recursos desviados, além de termos sido ceifados em mais de dez milhões de empregos. Tudo isso tinha que ter uma consequência política, além das naturais policiais e jurídicas, resultando em pesadas baixas nas hostes dos seguidores. Esse povo assiste desde 2013 as manifestações de rua, multidões clamando por justiça, contra os políticos corruptos, os desmandos, abusos do poder e o desemprego que fizeram desaparecer sonhos e ilusões, além da desagregação familiar que ocorre em milhares de famílias, e até hoje quase nada mudou.
E assim instalou-se no Brasil um campo propício à manifestação de uma filosofia autoritária, pseudo salvadora, que de tempos em tempos aparece em muitas sociedades, a exemplo da recente americana, da tentativa na França, e até na pacata Suíça. Lembro ainda que após o assassinato de Julio Cesar em Roma, quando foi destruída a República, sucedeu-lhe um governo autocrático.
A ascensão política desse desconhecido deputado capitão reformado do exército, defensor de torturador, inimigo declarado de minorias sociais, tem muito a ver com a revolta do povo, que sem ter pra quem apelar, se agarra ao primeiro ilusionista que aparece, como se todos os nossos problemas pudessem ser resolvidos pelo presidente, ignorando a constituição, e os poderes legislativo e judiciário. Color foi eleito com esses rompantes autoritários (caçador de marajás), e vejam como ele terminou.
Não votarei nesse militar porque analisei com responsabilidade a nossa situação e as propostas armamentistas, e estou deveras preocupado, porque não vejo nesse professor de educação física, nenhuma qualidade que o promova além de um chefe de polícia.
WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br

Ameaça à democracia?


DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Ameaça à democracia?
25.09.2018

Resultado de imagem para barco a velaÀ exceção dos tempos felizmente idos da malfadada ditadura militar, nunca mais tinha percebido tantas demonstrações de radicalismo como nos últimos anos, e mais acentuadamente nesta campanha eleitoral, quando as redes sociais têm tido papel preponderante.
Até o cidadão comum tem sido afetado por essa onda, quando reage revoltado pelo desemprego, pela falta de assistência à saúde, pela insegurança que não escolhe local ou classe social e pelo futuro incerto para os filhos e netos. O seu desabafo reflete-se nas tendências extremadas dos polos dessa campanha eleitoral.
Emily Bell Diretora do Centro Tow para o jornalismo digital da Universidade de Columbia, em Nova York declara: “O extremismo que vimos no início do século vinte reemerge, porque não temos um ambiente econômico, político, estável. A radicalização nas plataformas é com certeza um sintoma ou parte de algo que é muito maior.” O presidente do STF, Dias Toffoli enfatiza: “O jogo democrático é difícil”. Dilma Roussef deixa escapar mais uma de suas pérolas, referindo-se a determinado candidato a presidente: “O coiso é a barbárie”.
Passando a limpo os últimos anos da nossa história, não creio em volta da violência, tampouco renegarmos as liberdades democráticas. Quando paramos para refletir, vemos que boa parte dessa situação é responsabilidade nossa, eleitores, que elegemos quem legisla e nos governa, e jamais fazemos qualquer cobrança dos atos, principalmente desses legisladores que só cuidam dos seus próprios interesses. Infelizmente somos um pouco paternalistas, e tendemos a colocar nos ombros de terceiros as nossas responsabilidades e o nosso futuro, daí esperarmos que tal ou qual candidato vá resolver os nossos problemas. Será uma herança do coronelismo?
Essa atual dicotomia entre esquerda e direita é própria dos ambientes de insegurança social, política e financeira. Quando tudo está em paz discutimos muito pouco a política nacional. Está na hora de resgatarmos a nossa responsabilidade pela gestão da nossa casa, nos conscientizarmos que o regime que queremos é o da democracia plena, o que significa o funcionamento independente de todas as instituições, sem intervenções ou desmandos de qualquer espécie, o que significa que devemos votar em candidatos comprometidos com esse processo, e que não ameacem ou coloquem em risco nenhum estrato social. O problema é que raríssimos são os eleitores que param para refletir sobre as competências e as ideias dos seus candidatos.
WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br