segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Um povo paternalista


DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Um povo paternalista
05.11.2018
Resultado de imagem para barco a velaVisitando no dia 02.11 o cemitério Jardim da Saudade, como o faço duas vezes ao ano, para levar uma muda de rosa menina para o túmulo de meu pai, andei um pouco pelas alas entre as sepulturas, basicamente observando as plantas que as recobrem, a maioria do tipo “ixora” e “boa noite”, plantas que não exigem cuidados especiais e, portanto, não dão trabalho algum aos seus responsáveis. Apesar desse aspecto, ressalto outra característica de uma necrópole, que é a igualdade a que todos são submetidos.
A conclusão que apresento a vocês amigos e amigas, é que apesar de sermos todos iguais perante a lei da vida e da morte, de um modo geral não nos sentimos muito inclinados a fazer a diferença quando o assunto é servir ao outro, seja na forma material, espiritual, uma visita a quem precisa, uma oração, aconselhamento pessoal ou profissional, ou assumir um trabalho voluntário na comunidade. Somos um pouco individualistas, e alguns, até pelo desapontamento com os políticos, procuram extrair destes, o que sabem não conseguir após a eleição dos mesmos, e assim trocando favores, situação que costuma ocorrer em regiões de baixo nível de condições de vida.
Um ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas, foi apelidado de pai dos pobres, e no seu governo os direitos dos trabalhadores passaram a ser amparados por lei, e nessa época, foi também implementada uma visão dos direitos sociais das classes menos favorecidas.
 Essa cultura paternalista é agravada pelo nosso passado de muita escravidão (fomos o último país do mundo a abolir essa prática abjeta), onde os grandes proprietários é que cuidavam da vida de todos, no entorno dos seus negócios.
Daí talvez advenha também, o fato do baixo nível do empreendedorismo e inovação, o que também prejudica e impede atitudes mais desenvolvimentistas em direção a um PIB mais robusto. Acrescentamos às razões acima o nosso baixo nível de ensino.
Cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07 – ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial. Em um ambiente como esse a cultura paternalista se estabelece e se expande.
 Com uma sociedade convivendo com tamanha mancha social, o governo sozinho não consegue dar conta de tamanha tarefa, problema, aliás, criado pelos inúmeros dirigentes ao longo de tantos anos. Daí, essa mesma sociedade pode e deve assumir parte desse ônus, até por uma questão de humanidade.
Vimos durante a recente campanha política, muitos criticando, indo para as ruas, usando as redes sociais em prol do seu candidato. A eleição passou, o candidato foi eleito ou não, mas as carências continuam e são imensas.
Parte dessa população carente vive nas nossas cidades, nos nossos bairros, e uma atitude de doação por quem tem mais, não é questão de falta de tempo, e sim de vontade. Que cada um de nós descubra o seu dom e faça um pouco por quem tanto necessita.
Estamos sempre aguardando a providência de alguém, e a divina, e fazemos muito pouco por nossos semelhantes.

WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br

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