DIÁRIO DE UM CIDADÃO
Caminhando pra o Bonfim
19.12.2018
Saímos do Porto da Barra, atravessamos
a Marquês de Caravelas, Centenário, Vale do Canela, Viaduto do Campo Grande,
Contorno, Cidade Baixa, Calçada, Barão de Cotegipe e finalmente o nosso destino.
A passagem por baixo do viaduto do Campo Grande foi bem desagradável, pois o
caminho para pedestres é intransitável, já que naquele local muitos se utilizam
para satisfazer suas necessidades, daí termos que passar para a pista de
veículos, o que é sempre uma opção perigosa. Ao despontarmos na Contorno, nos
deparamos com a visão deslumbrante da nossa Baia e de todo o seu entorno,
visualizando também a Colina Sagrada, quando reanalisamos o longo caminho que
ainda nos faltava.
Observando o trecho da Contorno
até a praia do Unhão, é impressionante o número de casas de um, dois e três
pavimentos naquela encosta, toda ela ocupada. E não se tratam de casebres, que
também existem, principalmente ocupando os espaços por baixo da pista.
Registramos a existência de muitas pessoas em situação crítica, morando embaixo de plásticos no caminho
reservado a pedestres.
Continuando, chegamos à praia do
Unhão, junto à Marina, aonde vimos várias canoas tipo havaianas, aparentemente
para alugar, e muitos carros chegando com pessoas para praticar o esporte da
canoagem. Lembrei-me que desse local, porque por duas vezes participei de uma
competição de natação até o Yacht Clube. No seu entorno encontra-se o conjunto
arquitetônico do Museu de Arte Moderna da Bahia, formado pelo Solar do Unhão, a
Capela de N. S. da Conceição, um cais privativo, aqueduto, senzala, alambique e
um chafariz.
Vemos também a Marina, que a meu
ver era um equipamento que faltava a uma cidade com uma baia tão extensa.
Observamos a Igreja de N. S. da Conceição da Praia, construída a partir de
1739, no mesmo local onde em 1549 Tomé de Souza mandou construir uma capela em
madeira. Trata-se
de uma igreja pré-fabricada em Portugal, em pedra de
Lioz, que chegou ao Brasil em pedaços separados e numerados. Registro que nesse
templo fui batizado.
Daí passamos pelo monumento à Cidade de
Salvador (construído por Mario Cravo) , defronte ao famoso elevador Lacerda, a
Rampa ou Porto dos Saveiros, onde aportavam embarcações que traziam mercadorias
do Recôncavo, Mercado Modelo, prédio onde já funcionou a Alfândega, e que
assumiu a condição de mercado após incêndio que consumiu o mercado original,
demolido em 1969. Este ficava exatamente onde está o monumento à cidade de
Salvador.
Seguimos pela Avenida da França, observamos
o Forte de São Marcelo, cuja construção foi concluída em 1623, e logo ocupado
pelos holandeses em 1624, de onde bombardearam a cidade. Passamos pelos
armazéns das docas, o novo Terminal Marítimo, as instalações dos Fuzileiros
Navais, onde funcionou durante a guerra uma base americana (Base Baker). Após
cerca de duas horas fizemos uma pequena parada para beber uma água de coco nas
imediações da Feira de São Joaquim, a maior feira livre de Salvador, criada na
década de 1960 após a destruição por fogo da antiga Feira de Água de Meninos, que
ficava em local próximo. Nessa feira pretendíamos parar na volta, para uma
feijoada e cervejas, o que terminou acontecendo no Mercado Modelo.
Continuamos nosso agradável passeio, a
essa altura com cerca de duas horas de percurso, passamos pelo Largo da Calçada,
local da Estação de onde partiam trens para toda a Bahia e outros estados, e
agora apenas para o subúrbio de Salvador.Uma tristeza para a nossa malha
ferroviária. Daí, entramos no comércio
diversificado da Rua Barão de Cotegipe, e atingimos o Largo de Roma, onde já
funcionou o Cine Teatro Roma, atualmente incorporado à OSID.
Quando finalmente chegamos ao Largo do
Bonfim, marcamos duas horas e quarenta minutos de heroica e agradabilíssima
caminhada, durante a qual demos boas risadas com casos contados. Entramos na
Igreja ainda em obras, como de resto todo o largo, fizemos nossas orações e
iniciamos o retorno, todos com excelente disposição. Ressalto aqui, que ao
Nosso Senhor do Bonfim agradeci pela vida, pela família e pelos amigos.
WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br
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