quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Caminhando pra o Bonfim


DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Caminhando pra o Bonfim
19.12.2018

Resultado de imagem para barco a velaCom um grupo de amigos, fomos à pé à Igreja de N. S. do Bonfim, no último sábado dia 15 de dezembro. Vários foram os convidados, mas poucos os que se decidiram pela peregrinação atlético-religiosa de cerca de 15 quilômetros, com a Baia de Todos os Santos à vista em boa parte da marcha.
Saímos do Porto da Barra, atravessamos a Marquês de Caravelas, Centenário, Vale do Canela, Viaduto do Campo Grande, Contorno, Cidade Baixa, Calçada, Barão de Cotegipe e finalmente o nosso destino. A passagem por baixo do viaduto do Campo Grande foi bem desagradável, pois o caminho para pedestres é intransitável, já que naquele local muitos se utilizam para satisfazer suas necessidades, daí termos que passar para a pista de veículos, o que é sempre uma opção perigosa. Ao despontarmos na Contorno, nos deparamos com a visão deslumbrante da nossa Baia e de todo o seu entorno, visualizando também a Colina Sagrada, quando reanalisamos o longo caminho que ainda nos faltava.
Observando o trecho da Contorno até a praia do Unhão, é impressionante o número de casas de um, dois e três pavimentos naquela encosta, toda ela ocupada. E não se tratam de casebres, que também existem, principalmente ocupando os espaços por baixo da pista. Registramos a existência de muitas pessoas em situação crítica,  morando embaixo de plásticos no caminho reservado a pedestres.
Continuando, chegamos à praia do Unhão, junto à Marina, aonde vimos várias canoas tipo havaianas, aparentemente para alugar, e muitos carros chegando com pessoas para praticar o esporte da canoagem. Lembrei-me que desse local, porque por duas vezes participei de uma competição de natação até o Yacht Clube. No seu entorno encontra-se o conjunto arquitetônico do Museu de Arte Moderna da Bahia, formado pelo Solar do Unhão, a Capela de N. S. da Conceição, um cais privativo, aqueduto, senzala, alambique e um chafariz.
Vemos também a Marina, que a meu ver era um equipamento que faltava a uma cidade com uma baia tão extensa. Observamos a Igreja de N. S. da Conceição da Praia, construída a partir de 1739, no mesmo local onde em 1549 Tomé de Souza mandou construir uma capela em madeira. Trata-se de uma igreja pré-fabricada em Portugal, em pedra de Lioz, que chegou ao Brasil em pedaços separados e numerados. Registro que nesse templo fui batizado.
Daí passamos pelo monumento à Cidade de Salvador (construído por Mario Cravo) , defronte ao famoso elevador Lacerda, a Rampa ou Porto dos Saveiros, onde aportavam embarcações que traziam mercadorias do Recôncavo, Mercado Modelo, prédio onde já funcionou a Alfândega, e que assumiu a condição de mercado após incêndio que consumiu o mercado original, demolido em 1969. Este ficava exatamente onde está o monumento à cidade de Salvador.
Seguimos pela Avenida da França, observamos o Forte de São Marcelo, cuja construção foi concluída em 1623, e logo ocupado pelos holandeses em 1624, de onde bombardearam a cidade. Passamos pelos armazéns das docas, o novo Terminal Marítimo, as instalações dos Fuzileiros Navais, onde funcionou durante a guerra uma base americana (Base Baker). Após cerca de duas horas fizemos uma pequena parada para beber uma água de coco nas imediações da Feira de São Joaquim, a maior feira livre de Salvador, criada na década de 1960 após a destruição por fogo da antiga Feira de Água de Meninos, que ficava em local próximo. Nessa feira pretendíamos parar na volta, para uma feijoada e cervejas, o que terminou acontecendo no Mercado Modelo.
Continuamos nosso agradável passeio, a essa altura com cerca de duas horas de percurso, passamos pelo Largo da Calçada, local da Estação de onde partiam trens para toda a Bahia e outros estados, e agora apenas para o subúrbio de Salvador.Uma tristeza para a nossa malha ferroviária. Daí,  entramos no comércio diversificado da Rua Barão de Cotegipe, e atingimos o Largo de Roma, onde já funcionou o Cine Teatro Roma, atualmente incorporado à OSID.
Quando finalmente chegamos ao Largo do Bonfim, marcamos duas horas e quarenta minutos de heroica e agradabilíssima caminhada, durante a qual demos boas risadas com casos contados. Entramos na Igreja ainda em obras, como de resto todo o largo, fizemos nossas orações e iniciamos o retorno, todos com excelente disposição. Ressalto aqui, que ao Nosso Senhor do Bonfim agradeci pela vida, pela família e pelos amigos.
WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br

Nenhum comentário: