sexta-feira, 15 de março de 2019

Onde não existem excessos?


DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Onde não existem excessos?


Resultado de imagem para barco a velaUltimamente, insuflados pelo pornográfico vídeo postado pelo presidente Jair Bolsonaro, tenho visto e lido, principalmente nas redes sociais, fotos e comentários de variados atores sobre excessos praticados em público, em variados momentos, prevalecendo agora os da festa do Carnaval, todos com o nítido propósito político de creditar esses comportamentos negativos a governos anteriores. É evidente o objetivo do presidente de posar como guardião da moral e dos bons costumes, e capitalizar o movimento para o seu capital eleitoral e o dos seus filhos, sobre quem também pairam sérias dúvidas sobre a honestidade de um deles. Onde estavam as queixas de todas essas vestais ao longo de todos esses anos, em todas as festas já ocorridas, em todos os carnavais, ao longo principalmente dos últimos setenta anos, época em que surgiu o trio elétrico e incendiou o nosso carnaval?
Amigos e amigas, onde não existem excessos e exceções? Quem conhece um pouco a história antiga e a época dos imperadores em Roma, verá que imoralidades não são privilégios do carnaval do Brasil! Onde está a raiz desses desvios comportamentais? Eu arriscaria dizer que na formação da família, nos seus valores morais e religiosos e na orientação dos professores e estruturação das escolas públicas está a base na qual se espelharão essas crianças. Os desvios de conduta em filhos criados em famílias focadas para o bom desenvolvimento social, moral, em ambientes e comunidades onde as crianças têm estímulos e orientação para o esporte, são infinitamente menores.
Infelizmente conhecemos as nossas desigualdades sociais, que por falta de interferências adequadas do poder público, geram inúmeras comunidades de onde podem surgir a maioria desses delinquentes. E não é com a ampliação da posse de armas nem com a postagem de pseudo imagens chocantes, que resolveremos essa triste situação. É com educação, educação e educação!

Entre 2016 e 2017, a proporção de pessoas pobres no Brasil subiu de 25,7% para 26,5% da população, um aumento de dois milhões. Agora, são quase 55 milhões de brasileiros passando por todo tipo de privação.
Quando a gente concentra o olhar nas regiões, fica claro que o Sul tem o menor índice. Mas as regiões Norte e Nordeste têm mais de 40% da população vivendo com, no máximo, R$ 406 por mês.

A generalização do uso da internet é outro fator, de âmbito mundial, facilitador de acesso a praticamente todo e qualquer conteúdo, influenciando usos e costumes, haja visto o que tem sido apurado em praticamente todos os “smartphones” e “notebooks” dos adolescentes flagrados e apreendidos em ilícitos sociais.
Um presidente empossado deixa de ser um cidadão comum; ele tem responsabilidades que estão muito acima de qualquer um, deve ser uma referência para a sociedade, e não um alvo desta, por se comportar como um irresponsável adolescente, ignorando que tem sob seu comando toda uma estrutura que até por normas constitucionais é a responsável em garantir não só a segurança, mas prevenir e tolher determinados comportamentos nocivos à sociedade. Embora essa garantia seja extremamente difícil de ser 100% efetivada, não dá ao presidente o direito de irresponsavelmente se manifestar em público, principalmente quando essa manifestação é nociva ao universo interno, além de trazer problemas à imagem internacional do país, como temos verificado. Aliás, suas manifestações em nada têm ajudado a nossa imagem perante o mundo.  
Os excessos e as exceções jamais deixarão de existir, mas os instrumentos de combate devem ser cuidadosa e criteriosamente estudados, para que os seus efeitos sejam favoráveis ao nosso desenvolvimento.
Querer educar uma sociedade apenas expondo os seus excessos e exceções comportamentais, jamais surtirão os efeitos desejados, e poderão incitar reações contrárias e violentas.
WILTON OLIVEIRA
odisseiasentimental.blogspot.com.br

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