segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O Trabalho Voluntário

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O Trabalho Voluntário
18.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaHá quase quarenta anos atrás, influenciado por um movimento da Igreja Católica, decidi continuar o trabalho social iniciado por esse grupo, em uma comunidade vizinha à minha Paróquia, trabalho esse que continuei pelos trinta e cinco anos seguintes. Nesse período, ajudado pela comunidade e por alguns amigos, construímos um prédio de três pavimentos que serve como sede da Associação, onde nos reuníamos semanalmente com as famílias, e a partir de um trecho do Evangelho refletíamos sobre as palavras do mesmo e os seus ensinamentos para a nossa vida diária. Ainda com a ajuda da comunidade e da Igreja construímos uma casa que foi destruída por uma encosta local, celebrávamos as novenas de Natal, e promovíamos o seu encerramento com uma encenação do presépio, cujos atores eram os próprios jovens. Ao final era servida uma merenda e sorteados presentes que angariávamos com amigos e alguns paroquianos. Conseguimos durante algum tempo, promover aulas de formação técnica como de confeiteiros, ajudante de mestres de obras e outros. Até hoje mantenho ótimos laços de amizade, através de visitas frequentes a essa comunidade de quem auferi grandes ensinamentos de vida, de percepção social e religiosa.
A grande lição que aprendi nessa convivência, é que um membro de uma comunidade não tem apenas direitos, mas também obrigações, e que estas podem ser exercidas segundo os dons individuais, pois desta forma esta doação torna-se muito mais agradável e muito mais fácil de ser absorvida. Cada um de nós sabe quais são seus maiores dons. Uns gostam mais de ensinar, outros de trabalhos manuais, outros de costurar, outros de ajudar idosos, outros de rezar e assim por diante. Imaginem quanto contribuiríamos  se cada um de nós fosse um multiplicador, doando apenas uma pequena porção do nosso tempo e das nossas habilidades.
Vejo muitos amigos dizendo que não têm tempo algum, mas também aprendi que tempo é uma questão de preferência. Por outro lado, não adianta fazermos nada que não nos seja agradável, pois o cansaço acontecerá muito cedo. Já vi muitas obras sociais começarem e não terminarem, exatamente porque os voluntários não exerciam uma tarefa que lhes agradassem. Lembro-me especialmente de um caso em que um grupo iniciou um trabalho em uma creche, e em pouco tempo essa ajuda se encerrou, fosse por falta de vocação, fosse por falta de comprometimento com a causa, fosse ainda por não saber trabalhar em grupo.
O trabalho voluntário é altamente gratificante, e deve ser incentivado por todo e qualquer grupo social, religioso, familiar, e mesmo pelas empresas, que hoje em dia já reconhecem que têm deveres para com a sociedade onde estão instaladas.

WILTON OLIVEIRA

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sábado, 16 de setembro de 2017

O risco político que enfrentamos

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O risco político que enfrentamos
15.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaLendo recentemente uma entrevista do consultor político francês, Guillaume Liegey, constatamos que a abstenção eleitoral de que falávamos em artigo de outubro de 2016, de cerca de 30% em São Paulo, não é um fenômeno apenas nacional, e sim mundial. É verdade, no mundo, o eleitor está cada vez mais distante dos políticos, por não mais acreditar nestes, basicamente pela sua falta de comprometimento, que corrompem e são corrompidos por se sentirem ao abrigo da justiça, e conforme consta em um artigo de J.R. Guzzo: “consideram que é um direito adquirido manter seu padrão de vida, gastos pessoais e de consumo, e que o dinheiro para isso sai do governo e não do bolso da população”.
Desta forma, com essa política enfiada nesse lamaçal, o risco para o país, é abrir o caminho para candidatos populistas, tipo Trump nos Estados Unidos, Marie Le Pen na França, e um certo “linha dura militar” no Brasil, que está até prometendo uma saída para o mar para Minas Gerais. Felizmente para a Europa, Macron conseguiu vencer as eleições na França.
A situação no Brasil é um pouco diferente, mas por conta de um ex-presidente que decepcionou uma boa parte de seus eleitores, poderemos ver crescer candidaturas que tentem se apoiar em promessas embasadas em soluções de força, esquecendo-se de que a luta para superarmos uma ditadura foi longa e nos custou um grande atraso no desenvolvimento de novas lideranças políticas. Que políticos temos hoje? A grande maioria na faixa dos setenta anos, ou filhos destes, que ainda praticam os mesmos métodos corruptos, tentando perpetuar as quadrilhas que enganam os eleitores e sugam e desviam os recursos das comunidades que deveriam proteger e desenvolver.
Que líderes confiáveis ou quase, dispõe hoje o nosso país, nos quais possamos depositar a mínima confiança em ações dignas, que lutem por melhores condições de saúde, segurança e educação? Não vejo ninguém, pelo menos por enquanto, que desperte um fio de esperança nesse eleitorado desesperançado.
A permanecer o quadro que vislumbramos hoje, corremos o risco de eleger alguém de quem muito nos arrependeremos, e de novo veremos o nosso povo desiludido, desprotegido, cansado.
Triste Brasil!

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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Conviver em grupo

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Conviver em Grupo

Resultado de imagem para barco a velaOntem participei de uma reunião convocada pelo presidente de um clube que frequento, cujo objetivo era apresentar ao quadro social um planejamento técnico e financeiro de uma obra que visa amenizar um problema reclamado desde minha época de criança, que é a falta de estacionamento para os frequentadores. Aliás, problema de estacionamento é hoje em dia um tormento para motoristas, e uma discussão frequente para os especialistas em mobilidade urbana.
Imaginava eu que a reunião seria relativamente tranquila, já que se tratava (imaginava eu), de um assunto de natureza pacífica. Ledo engano! Apareceu até um grupo organizado que no momento em que a palavra foi liberada, atacou o projeto por todos os lados.
Meus amigos, essa introdução serve para embasar o meu assunto de hoje, que trata da dificílima arte de viver em grupo, seja lá de que tipo for: familiar, profissional ou social. Assuntos que supomos serem pacíficos em um grupo podem não ser para algum dos seus integrantes, e aí começa o nosso exercício, às vezes extremamente árduo, de conviver pacificamente com familiares, amigos, colegas.
Todos nós temos as nossas convicções, que em algum momento irão se chocar com as de alguém, e nesse momento, a depender das nossas reações, o clima poderá esquentar ou não. O que fazer? Confesso que não é fácil continuar a conversa com alguém que tenta impor a sua opinião ou é agressivo nos seus argumentos. Para mim, essa continuidade dependerá da relevância pessoal que eu confira ao assunto. Vale a pena nos estressarmos se o assunto não for importante para nós? Eu prefiro me calar ou me retirar. Mas se assunto for extremamente importante, temos que utilizar a nossa reserva de paciência e inteligência, ou mesmo “pedir vistas” para retornar posteriormente. Se a discussão descambar para a agressão verbal ainda vale a paciência; se for física, ainda vale a paciência, mas dependerá muito do nosso emocional no momento. Nesse momento que escrevo, estou lembrando de quantas vezes me vi envolvido em discussões, e confesso que já perdi o controle em inúmeros momentos. Quando a reunião é avisada com antecedência, quanto mais nos prepararmos para a mesma, melhor nos sairemos com argumentos apropriados, e nos deparando com outros melhores, reconhecermos o acerto de quem o emite.
Na reunião que menciono no início, o dirigente do clube estava muito bem preparado, e soube rebater as críticas com paciência e elegância.
Escrevo este artigo, mais como uma reflexão para mim mesmo que às vezes escorrego em alguma discussão, do que uma pretensão de ensinar aos meus amigos e amigas como devem se comportar em reuniões e discussões diversas. Gostaria muito de ouvir a opinião de todos!


WILTON OLIVEIRA

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Divagações sobre os nossos sofrimentos

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Divagações sobre os nossos sofrimentos
07.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaQuando eu era criança meu pai deu a mim e a minha irmã uma coleção denominada Tesouro da Juventude, que para nós, efetivamente era uma maravilha de distração. Eram vários livros, e cada um era dividido em seções entre as quais me lembro de Contos da Carochinha, e uma especialmente que era o Livro dos Porquês, onde achávamos respostas para um monte de indagações como “porque tem maré alta e baixa”, porque os ventos sopram”, e outras tantas que povoam o universo de uma criança.
Não me recordo, entretanto, de ter visto nada relacionado com o título dessa nossa postagem, e de um artigo de Dom Murilo Krieger no jornal A Tarde, edição de 03.09.2017, intitulado “Uma dor sem limites”.
Já li e ouvi muitas divagações sobre o tema do sofrimento, começando por uma que afirmava que o sofrimento faz parte da purificação do espírito, ideia que nunca absorvi, e que ainda acho absurda. Outras diziam que era a vontade de Deus, que também nunca entendi. Sempre aceitei a ideia de que boa parte do sofrimento humano é consequência de suas próprias escolhas e atos.
Dom Murilo começa perguntando o que a fé nos ensina sobre o sofrimento? Ele continua afirmando que Deus não quer o sofrimento de ninguém, e que seria um absurdo dizer que o que aconteceu (refere-se ao desastre da lancha de Mar Grande) é vontade de Deus., porque Deus é amor. Ele continua, perguntando, “onde encontrar uma explicação para tamanho sofrimento?” Aqui ele enumera algumas causas de sofrimentos:
·         Sofrimentos causados pela natureza. Pouca coisa podemos fazer, embora em muitos casos o homem contribua;
·         Sofrimentos que nascem de descuidos. Uma criança que se queima por não prestarmos atenção;
·         Sofrimentos que nascem do coração humano, que premeditadamente quer fazer o outro sofrer ou morrer, e faz;
·         Sofrimentos que nascem de omissões ou irresponsabilidades.
Cada erro que cometemos na nossa vida, deveria ser uma lição a aprender, uma topada ou etapa que poderemos evitar ou minorar para o futuro. Deus não pode ser a fonte de nossos sofrimentos; procuremos a sua origem e peçamos a ajuda desse mesmo Deus.

WILTON OLIVEIRA

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A cura pelo amor

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

A cura pelo amor
06.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaEsta semana fui ao sepultamento de um amigo que encerrou seus dias de vida em um abrigo de idosos, onde foi colocado pelos seus filhos. Estava sofrendo de Alzheimer, já não tinha vontade própria, mas tirar ele do convívio social, da família, ficar sem amor, carinho, pode ter abreviado a existência de meu amigo Flávio. Sim, o amor, o carinho, o cuidado podem prolongar a vida de alguém, pelos milhares de estímulos nervosos que provocam nas fibras, nervos e vasos do nosso corpo, iniciando uma explosão de renovação das nossas células. Está aí a neurociência que pode confirmar as reações do nosso corpo e as respostas do nosso sistema nervoso.
Semanalmente esse amigo se encontrava conosco, conversávamos, tomávamos umas cervejas, e após umas cinco, ele pagava sua conta, pegava um taxi e ia pra casa. Após algum tempo notávamos que ele estava esquecendo-se de fatos e nomes, mas adorava sentar defronte do mar, que ele dizia ser a melhor vista do mundo.
Ele morava só, apenas uma empregada lhe servia, e desconhecemos se alguém o visitava. Contado por ele, caiu da cama algumas vezes. Uma vez ele chegou muito cedo, e como o sol estava muito forte, ele tombou desacordado no banco, tendo sido atendido pelo SAMU. Uns disseram que tinha sido fome.
Preocupado com o estado dele, cheguei a comprar palavras cruzadas, e consegui anotar o telefone de um filho dele, para quem enviei algumas mensagens informando a nossa preocupação sobre o seu estado de saúde mental. A única distração dele era sentar com os amigos, conversar, ouvir as piadas, e depois ir pra casa.  Se fosse meu pai eu teria o maior prazer em leva-lo e trazê-lo pra casa. Depois de uma certa idade temos obrigação de cuidar de nossos pais, fazê-los felizes, da mesma forma que trataram de nós. O dono do restaurante começou a nos informar que ele começou a se atrapalhar sobre os dias da semana e chegava em dias diferentes.
Como ele começou a faltar, consegui que o filho me informasse que ele tinha sido hospitalizado, sendo encaminhado depois para um abrigo, onde faleceu.
Um abrigo! Vale a pena? Será que ele passou dias felizes, longe da família e dos amigos? É esse fim que os filhos reservam para os pais?
O meu sentimento é que faltou a esse nosso amigo um pouco de atenção e cuidado da sua família. Alguém na sua idade com alguma deficiência mental deve ser cuidado constantemente, mas não priva-lo de convívio social. Minha irmã cuidou de minha mãe por oito anos, e ela estava esquecida e não andava. Quando me perguntavam por que eu ia vê-la, se ela não me reconhecia, eu respondia que apesar de tudo eu a reconhecia. Saudades de minha mãe! Não quero pensar que estamos vivendo em um tempo em que os idosos são descartados!

WILTON OLIVEIRA