sábado, 9 de dezembro de 2017

O efeito Tiririca

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


O EFEITO TIRIRICA
09.12.2017

Resultado de imagem para barco a velaOs oito minutos do discurso de Tiririca nesta última quarta-feira dia 6 de dezembro de 2017 tiveram um efeito bombástico sobre os seus colegas parlamentares a quem prometeu não revelar detalhes das mazelas que viu e ouviu ao longo dos últimos seis anos, mas que não podia de deixar de divulgar a sua decepção pelo vergonhoso comportamento da quase totalidade dos 513 deputados federais, aos quais, da mesma forma, dirige sua mais profunda rejeição quase 70% do povo brasileiro, cansado das mentiras, roubos, incompetência, mesquinhez e falta absoluta de qualquer caráter que se aproveite.
O tapa que Tiririca deu na Câmara Federal valeu mais que qualquer postagem nossa, pois foi um tapa desferido por alguém de dentro, com ampla divulgação da imprensa, o que não acontece com qualquer uma das inúmeras postagens de nós pobres mortais, nas redes sociais.
Tiririca não apenas atingiu o colegiado com palavras, mas com seu exemplo de comportamento sério apesar de palhaço por profissão, assíduo no seu trabalho, sem se utilizar de carros oficiais porque usa o seu, e votando sempre com o povo, como declarou. Já li alguns comentários que pretendem minimiza-lo como político falando dos seus votos para presidente, mas nada disso irá reduzir a importância do seu discurso simples, de um homem humilde, porém consagrado por uma imensa quantidade de eleitores. Ninguém pode ser condenado pelo voto livre e desinteressado que dá a alguém; diferente de quem vende o seu.
Vimos nesse discurso a confirmação oficial da descaração que impera nessa casa legislativa, que não é, em absoluto, diferente do Senado e das câmaras estaduais e municipais espalhadas pelo Brasil, que muito mais do que serviços, só fazem onerar o erário público, reduzindo ainda mais os níveis de educação, segurança e saúde da nossa sofrida sociedade, que de bom grado gostaria de se ver livre de pelo menos dois terços dessa corja de sugadores do sangue do nosso povo.
Após ser sufragado em duas eleições consecutivas, resolve abdicar das mordomias proporcionadas pelo mandato, atitude inconcebível pela grande maioria dos sanguessugas, seus colegas.
Esse palhaço, artista popular falou por uma imensa fatia do povo brasileiro, sem máscara, sem fazer graça, mas com a simplicidade própria de alguém convicto da sua posição, que um dia imaginou ajudar o povo através de uma representação democrática, mas que em lá chegando, verificou que o ambiente parlamentar é tudo menos um digno representante da sociedade brasileira.

WILTON OLIVEIRA

domingo, 3 de dezembro de 2017

O NATAL DE QUEM NÃO VAI TER

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


O Natal de quem não vai ter
04.12.2017
Resultado de imagem para BARCO A VELADezembro chegou! E com ele as luzes, as cores, as publicidades insistentes de que Natal bom é aqui, ali, etc., o Papai Noel e seus brinquedos e sonhos, e aqui antevejo logo os olhinhos das crianças brilhando de ansiedade. As lojas fervilhando de gente, os estacionamentos cheios, o trânsito insuportável. São muitos os sinais de que a opulência está ao alcance de todos, e todos podem ter tal e qual produto. As tentações são muitas, e igualmente as frustrações.
É um mês que naturalmente nos convida à reflexão existencial, levando-nos muitas vezes a uma introspecção que incita a nossa imaginação às nossas próprias fraquezas, nossas necessidades, nossos problemas familiares e de relacionamentos, nossas dúvidas de fé (para quem é religioso), nossas inseguranças profissionais, nossos sonhos não realizados, etc. Face a essas misérias que presenciamos por todos os lados, chegamos a questionar até o próprio Deus, esquecendo que são as nossas incompetências, egoísmo e falta de iniciativa que fazem permanecer e proliferar tais quadros de exclusão.
É também um mês apropriado para um balanço de nossas vidas, o que fizemos e o que deixamos de fazer, o que aprendemos e o que nos servirá de lição para o futuro, os amigos que fizemos, os que mantivemos e os que merecem ser chamados como tal. O que realizamos profissionalmente, o que poderíamos ter feito diferente e melhor, os laços familiares que foram melhorados; contabilizemos as vezes que declaramos o nosso amor a quem merece, as vezes que visitamos aquele parente ou amigo acamado, as vezes que dirigimos nossas orações a Deus pedindo e agradecendo pela vida. É também um tempo de meditarmos o que fizemos pelo nosso próximo, principalmente os mais carentes material e sentimentalmente. Lembremo-nos de nossos pais e o legado que nos deixaram.
É igualmente um mês em que as desigualdades sociais são normalmente destacadas em virtude dos apelos de doações, de ações voluntárias, etc. E nesse balanço que fazemos, não podemos excluir o lamaçal político em que estamos imersos, muita coisa boa acontecendo em termos de punição, mas a investigação cada vez mais abrindo as portas do inferno de corrupção, que não tem setor que não seja atingido por essa onda de desonestidade, de crueldade que atinge a todos e massacra os mais necessitados. E aqui chamo a atenção para o nosso papel de eleitor, já que fomos nós que elegemos toda essa corja.
Alguns acham um mês triste, e de certa forma o é, pelo lado de reminiscências que nos evoca, pelos parentes que já nos deixaram, pelos pobres e sem teto que continuarão a dormir nas calçadas, pelos moradores da caatinga sem água, sem agricultura vendo os animais morrerem de sede, e com eles um resto de poupança que mantinham.
Lembremo-nos de rezar por todos esses necessitados, de pedir ao Pai por nós, por mim e por você que lê estas minhas palavras. Peçamos principalmente por inspiração por ações nossas em prol de quem precisa de nós, começando pelos mais próximos, mas também por muitos de nossa comunidade, que adorariam privar de nossa companhia, de nossos conhecimentos, de nossos conselhos, de nossa amizade.
E será que algum dia o Natal será diferente, será o ideal que imaginamos? Não acredito, mas procuremos fazer a nossa parte.
E que todos nós sejamos inspirados pelo espírito de Natal, pelo filho de Deus que é a razão de toda essa celebração.

WILTON OLIVEIRA


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Os políticos contra o Brasil

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

OS POLÍTICOS CONTRA O BRASIL

21.11.2017

Resultado de imagem para barco a velaTomei conhecimento de política ainda bem novo, quando em 1954 minha mãe me puxou pelo braço enquanto eu ouvia na Praça da Piedade um auto falante  anunciando a morte de Getúlio Vargas, e ela me explicou que ele era o presidente. Lembro-me também de ler uma revista da época (o Cruzeiro), que relatava o atentado contra Carlos Lacerda, então ferrenho opositor a Getúlio, este suspeito de ser o mandante do atentado. Também estão na lembrança algumas campanhas políticas,  as ruas coalhadas de santinhos, e as conversas de compra de votos que jamais deram em processo algum.
Já na faculdade, fazendo administração junto à Piedade, envolvi-me na política estudantil, fui eleito vice presidente do Diretório e depois presidente, mas sempre discursando contra as injustiças sociais, para onde não víamos o governo voltar os olhos para minorar os seus trágicos efeitos para os mais necessitados. Uma das primeiras lutas da época foi contra o acordo MEC-USAID que eliminou um ano de estudo do primeiro grau (primário e ginásio), impôs o modelo norte-americano de ensino às universidades brasileiras, tendo em vista que o ensino superior deveria ter um papel estratégico. Está provado, no entanto, que o ensino básico é que é a verdadeira alavanca cultural de um país. Revoltava-nos contra a submissão cultural. O governo aceitou e implantou. Como estávamos na ditadura e não havia oposição dos políticos profissionais (alguns amordaçados e outros comprados), só restava à política estudantil fazer as vezes da oposição. O povo em geral e os estudantes daquela década de 60 ainda acreditavam nas vias políticas para resolver os problemas do Brasil.
Nessa época alguns políticos se destacavam como oposição em âmbito nacional, destacando-se Fernando Henrique Cardoso que voltou do exílio em 1968 e coordenou a plataforma eleitoral do MDB. Dez anos depois Lula aparecia e também suscitou alguma confiança e esperança no eleitorado.
A desconfiança com os políticos brasileiros não é fato novo. A história registra corrupção desde a chegada de D.João VI ao Brasil, quando noticiou-se a cobrança de 17% de propina para que os processos se movimentassem. Nessa época de Lava-Jato estamos vendo escancarado o ventre do que existe de pior na roubalheira do meio político. Nunca pensei de ver político algum ser preso, e agora estamos vendo dezenas na cadeia e processados. As consequências do roubo descarado dos políticos que nos assaltam vê-se na destruição da assistência à saúde, na segurança, na educação. Hoje meus olhos marejaram assistindo um relato em que uma criança desmaiou de fome na escola, assaltada pela administração municipal no serviço de merenda escolar.
Nós brasileiros estamos convictos de que essa raça estranha de políticos trabalha contra o Brasil. Os brasileiros estão tendo NOJO dessa cambada que em vez de trabalhar para nós, trabalha contra, extorquindo da sociedade altos salários, sem fazer jus a um centavo sequer, facilitando os discursos de quem torce pela intervenção militar; “vade retro satanás”.

WILTON OLIVEIRA

sábado, 11 de novembro de 2017

NOSSAS TRISTEZAS

NOSSAS TRISTEZAS

Combatendo o bom combate

11.11.2017

Resultado de imagem para barco a velaO corpo humano é uma máquina fantástica, só pode ser fruto de um Deus igualmente grandioso. Após mais de dois mil anos, a medicina continua descobrindo, novos mecanismos, novas funções, razões, novas esperanças, mas continuamos interrogando, procurando, alguns se desesperando, outros chorando, e muitas vezes sem saber por quê. O que fazer quando nos sentimos assim, aparentemente sem qualquer razão consciente? Uns chamam de depressão, outros de fraqueza de espírito, outros de tristeza passageira, mas o certo é que nenhum de nós é feliz quando assim se descobre. Muito mais infeliz ficará se permanecer inativo, sem esboçar qualquer reação de combate. Para esse tipo de assalto, tomar consciência e reagir, deve ser  a primeira defesa.
Tenho um amigo que se confessa depressivo, e quando pergunto se ele gosta de ler, assistir um filme, ouvir música, caminhar, responde que não gosta de nada. Assim é quase impossível qualquer combate. Sempre ouvi dizer que o melhor remédio para a depressão é a ocupação. Ocupe-se com alguma coisa, meu amigo! Agora mesmo estou combatendo uma tristeza desconhecida, estou escrevendo, vou beber uma cerveja, uma caipiroska, um whisky, vou apreciar o mar, e dentro em pouco estarei sorrindo. No momento estou ouvindo um rock ‘n roll e já estou quase dançando. Obrigando, Senhor!

WILTON OLIVEIRA

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O ABANDONO POLÍTICO DO BRASIL

O ABANDONO POLÍTICO DO BRASIL

O Brasil Órfão
03.11.2017

Resultado de imagem para barcos a vela antigos“O governo baixou em R$ 10,00 de R$ 979,00 para R$ 969,00 a previsão para o salário mínimo em 2018. A redução, se confirmada, deve gerar uma economia de R$ 3 bilhões ao governo no ano que vem.
A mudança foi divulgada pelo Ministério do Planejamento. Atualmente, o salário mínimo está em R$ 937.” (notícia da G1 em 17.10.2017)

Existe notícia mais revoltante do que essa, após a vergonhosa compra de votos para livrar Temer, o qual liberou até junho 1,8 bilhão em emendas para a corja de eleitores? Tirar de quem não tem? O que vocês acham que eles merecem?
Nesse momento, a credibilidade de qualquer autoridade está próxima de zero, seja ela federal, estadual ou municipal.
Esse abandono a que estamos submetidos, principalmente para aqueles brasileiros nos rincões mais longínquos, onde a sua sobrevivência é ameaçada pela ausência de assistência municipal básica como água, energia, escolas, transporte escolar, postos de saúde, estradas, segurança pública, não parece sensibilizar a matilha política, que continua a só lutar pelos seus próprios interesses, e ainda consegue aumentar o número de municípios no Brasil, como ocorreu em 2013, com o crescimento de cinco deles, no Pará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, unicamente para ampliar cargos e criar fontes de recursos pessoais. Sabem esses hematófagos do povo, que só na Bahia temos 173 municípios em situação de emergência. Na semana passada mais de 350 prefeitos estiveram no Centro Administrativo de cuia na mão, cobrando um bilhão de reais de royalties repassados ao Estado e não pagos aos municípios. Sabemos todos que a quase totalidade das prefeituras não dispõe de verbas próprias, vive à custa das transferências federais, basicamente. O grande projeto agora é a marcha à Brasília em 22 de novembro, quando levarão não mais uma cuia, mas um balde grande.
Enquanto isso, Brasília continua parada, mantendo Temer no poder, à custa de bilhões em compra de votos, que continuam sendo negociados no Palácio do Planalto.
Mas o que dizer aos quase 75 milhões de brasileiros que vivem no campo, e mais os que vivem em pequenas cidades? Um quarto das cidades do Brasil está em situação de emergência por seca ou chuva, enquanto um corrupto escondia em casa 52 milhões, fruto de roubos.  É uma incoerência desmedida, absurda, criminosa.
Os quase 208 milhões que constituem a população brasileira estão todos órfãos. Não vislumbramos quase nenhum político hoje do qual possamos nos orgulhar, político que batalhe pelo bem estar comum, por abrir perspectivas melhores para a sobrevivência digna dessas populações carentes, doentes, desnutridas (e que no nordeste são chamadas de homem ou mulher gabiru – de pequena estatura), semi-analfabetas, sem um futuro vislumbrado.
Uma boa parte do povo desse país “gigante pela própria natureza” está calada, mas não adormecida, está revoltada, indignada, doida para revidar com o seu voto, as agressões sociais sofridas pelos ladrões da tranquilidade da família brasileira.
Para comprar mais votos de sustentação, valeu até medidas de proteção à bancada ruralista, como foi a chamada portaria do trabalho escravo, além de abrir mão da privatização do aeroporto de Congonhas, reduto de um partido político.
Nós cidadãos temos muito que fazer além de valorizarmos o nosso voto, dá-lo a quem efetivamente for digno. Podemos também apoiar campanhas de limpeza moral e política, de reformas que venham a beneficiar o cidadão, sem onerar os cofres da nação.
Uma dessas campanhas poderia ser uma reforma municipalista, começando por reduzirmos o número de municípios do Brasil, acabarmos com salários de vereadores, e com certeza sobraria um pouco mais de recursos, pois não teríamos que custear os respectivos prefeitos, vereadores inúteis, e toda uma máquina administrativa que não serve ao município, e sim à matilha política que a governa.
Imaginem uma alteração dessas em 5.570 municípios!
EM FRENTE BRASIL!

WILTON OLIVEIRA


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O perfil ideal do próximo Presidente da República

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


O perfil ideal do próximo Presidente da República
16.10.2017

Resultado de imagem para barco a velaAntes de analisarmos o assunto principal de hoje, atenhamo-nos ao preâmbulo da Constituição que define o nosso regime político:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.
Além desse texto basilar, há a considerar e combater a difícil situação política que atravessamos, constatando que quase a totalidade dos políticos, inclusive o atual presidente da República, está envolvida com esse câncer da corrupção que penetra em quase todas as nossas instituições, corroendo recursos imprescindíveis à manutenção da educação, saúde, segurança pública, à infraestrutura de mobilidade do país, etc.
Acrescentamos ainda, que o próximo presidente terá que promover ou concluir reformas básicas exigidas pela sociedade, como a fiscal, trabalhista, previdenciária e a política, se essas não forem aprovadas nesse atual governo. Também não nos esqueçamos de uma reforma do Judiciário, do código penal, e talvez a mais importante para o futuro do país, a reforma do sistema educacional.
Dada a diversidade do nosso espectro político que abrange uma imensidão de interesses, alguns legítimos e outros escusos, nos vemos em um ambiente com algumas feridas abertas nos embates verbais, inúmeras variáveis econômicas e financeiras, o próximo presidente deverá ser um verdadeiro diplomata, “pluralista e sem preconceitos”, “comprometido com a solução pacífica das controvérsias”, além de possuir conduta irrepreensível, jamais ter se corrompido e pensar para o futuro.
Evidentemente que não somos obrigados a pensar em um candidato existente no mundo político. O presidente Macron da França foi um candidato diferente de todos; sua mensagem foi ouvida, acolhida e ele elegeu-se. Entretanto, olhando para a nossa realidade, quem pinçaríamos entre os políticos atuais?
Respondendo a essa pergunta, enxergo um senador de vários mandatos, um homem sério, honrado, “ficha limpíssima”, excelente analista da nossa realidade política, autor de vários livros, que tem coragem de afirmar que os partidos são meros clubes eleitorais e não ambiente de ideias, que as ruas não estão caladas e sim cansadas, mas que o povo está se reunindo em uma praça maior: uma praça virtual proporcionada pela internet. È um político admirável em todos os sentidos, muito voltado para o problema educacional. É dele a afirmação de que a corrupção é vizinha da política, e o que afasta uma da outra são as bandeiras de ideias que deveriam ser empunhadas, mas que são ignoradas. É uma pena que o mesmo não esteja no rol dos possíveis candidatos. O Brasil ganharia muito com ele. Eu que fiz um compromisso de não votar em nenhum candidato que tenha ou teve mandato, abriria uma exceção para esse excelente político, que infelizmente não é do meu estado.
Em 2018, à luz de quem estiver na disputa eleitoral, poderemos dizer que “a sorte estará lançada”, e que Deus ajude o Brasil. A saída para toda a nossa crise só poderá vir através do voto, unicamente através do sufrágio livre e universal.

WILTON OLIVEIRA

www.odisseiasentimental@blogspot.com.br. 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O brasileiro não é corrupto

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O brasileiro não é corrupto
06.10.2017

Resultado de imagem para barco a velaQuase que diariamente lemos ou ouvimos notícias sobre a corrupção que varre o nosso país de ponta a ponta, em praticamente todos os setores da sociedade, começando pelo legislativo de todos os níveis, passando pelo executivo, judiciário, empresas públicas e privadas e, surpreendentemente, até no esporte olímpico, como vimos com a recente prisão do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Originalmente relacionado aos políticos, estamos comprovando que a corrupção é um vírus que infesta, alastrando-se rapidamente e sub-repticiamente por todos os veios da sociedade de forma assustadora, ferindo e matando milhões de brasileiros, pela supressão ou redução drástica de assistência médica, educação, segurança, saneamento básico, transporte público, sistema viário, etc.
O Congresso Nacional, estrato representativo da sociedade brasileira, como já disse o ex-ministro Delfim Neto, tem quase todos os seus membros investigados por roubo e fraude, e lá  encontramos todo tipo de gente, dos mais variados tipos elencados no nosso Código Penal. E como essa instituição representa os brasileiros, teoricamente estes seriam comparados àqueles?
É comum afirmarmos que os políticos não nos representam; até com certa lógica, porque a maioria de nós nem se lembra em quem votou, apesar de que,  nós todos tenhamos dado a eles uma procuração irrevogável por quatro anos. Uma pena que não possamos pedir nossa procuração de volta, senão boa parte desses malandros já não mais estaria em Brasília.
Porém, tem um aspecto dessa questão que é preciso analisar, e que de certo modo nos distancia da ideia de que também possamos ser corruptos: é a questão das facilidades que os políticos e dirigentes de órgãos têm de se locupletar ilicitamente do erário de terceiros, facilidade essa, ampliada por uma justiça que não os inibe em nada; pelo contrário os encoraja.
Percebemos não é por falta de leis que os corruptos se estabelecem; é por falta de quem as faça cumprir. O que estamos vendo na Operação Lava Jato é o oposto de tudo o que se via no Brasil até então, e como a sociedade está dando todo o suporte, essas investigações e prisões ganharam força e respeito, fazendo-nos sentir orgulhosos, e alimentarmos esperanças de termos um futuro mais digno.
Estamos vendo, portanto, que o brasileiro não é corrupto por natureza. Ele se revolta com injustiças, ele vai às ruas, ele ameaça pelo voto, mas o nosso sistema ainda tem muita herança dos coronéis; poucos mandam, muitos obedecem, e tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes, pelo menos até as próximas eleições. TEMOS QUE PASSAR ESTE CONGRESSO, A NOSSA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E A CÂMARA DE VEREADORES A LIMPO. RENOVAR 100%.
WILTON OLIVEIRA

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Reinventando os nossos bares e restaurantes

DIÁRIO DE UM CIDADÃO


Reinventando os nossos bares e restaurantes
02.10.2017

Resultado de imagem para barco a velaA relação entre os setores de comércio, serviços e consumidores tem evoluído consideravelmente em termos de volume, formas de pagamento, classes de consumidores, principalmente através do uso de novas tecnologias, que permitem descobrir  até os hábitos de consumo dos clientes.
Entretanto, a crise atual tem modificado muito o estilo de vida do brasileiro. Um estudo divulgado pelo SPC Brasil mostra que na hora de fazer cortes no orçamento, 71,3% dos brasileiros optaram por abrir mão das idas a bares e restaurantes. E pior, em dados divulgados pelo Total Retail 2017, estudo anual da network de empresas PWC, informa que mesmo em um cenário de melhora na economia, as pessoas pretendem continuar poupando dinheiro. Recente reportagem da Bandeirantes, no entanto, informa que o setor conseguiu crescer cerca de 10% no primeiro semestre de 2017.
No caso da Barra a queixa geral dos comerciantes é que, além da crise a requalificação levada a efeito pela Prefeitura agravou o problema pela limitação de público circulante, aliás, objeto de recente reportagem de uma emissora local de televisão.
Com um cenário destes, o comerciante do setor em foco não deve entrar em desespero, mas procurar e pesquisar maneiras de se reinventar, melhorar a qualidade e a diversidade de seus produtos, descobrir os meios de se comunicar mais rápida e eficientemente com os seus clientes atuais, e os novos que surgirão de sua prospecção. Ele deve começar olhando para o seu próprio estabelecimento com os olhos de um cliente, ou convidando um para fazê-lo por ele (o conhecido cliente oculto), procurando enxergar o que deve ser melhorado. Comece pelas instalações, fachada, decoração interna, pintura, iluminação, ventilação, asseio dos sanitários, fardamento do pessoal, um cardápio de fácil leitura e preços competitivos, muito zelo ao registrar e apresentar a conta do cliente. O esforço para agradar e fidelizar clientes avança pelo terreno da exposição em uma página própria de internet, interativa, com mensagens periódicas das novidades, promoções, receitas, comentários de clientes, etc.
Um chamariz importante deve ser a variedade de petiscos oferecida, sendo que alguns deles ficam famosos e levam junto o nome da casa. Os garçons devem ser treinados a sugerir drinques e petiscos novos.
A depender do tamanho do estabelecimento, o mesmo pode instalar um sistema que disponibiliza um terminal em cada mesa, para que o cliente aperte um botão e chame o garçom cada vez que precisar do mesmo. Uma startup em Santa Catarina desenvolveu um sistema capaz de indicar quais lojas e restaurantes estão próximos de cada celular em cada momento do dia.
Tem uma boate na Barra voltada para o público jovem e roqueiro, que embora só funcione as quintas, sextas e sábados, tem um público cativo que acompanha toda a programação de shows pela página na internet. Recentemente ela fez uma reforma e abriu um bar na entrada (também existe um interno), para servir ao público em geral e aos jovens que chegam mais cedo para o show, e assim aumentar o seu faturamento.
Salvador vai receber no próximo verão 2,09 milhões de turistas, um aumento de 10% em relação ao ano passado, segundo a estimativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, e boa parte desse contingente, se não a maioria, passará pela Barra, pelo Farol. Porque não nos prepararmos para que uma parte dessa turma consuma alguma coisa nos bares e restaurantes adjacentes?
Enfim, apesar da crise, não podem os comerciantes lutar apenas reduzindo seus preços. A propósito, muitas empresas, mesmo concorrentes estão se unindo para efetuarem compras em conjunto, para assim conseguirem vantagens com os fornecedores.
Um bar ou restaurante não é apenas um ambiente de consumo, é também de lazer, local de encontro de amigos, e deve ser agradável a todos, o que pode fidelizar esses clientes. O estabelecimento deve se preparar para receber esses clientes; se os mesmos se sentirem confortáveis e forem surpreendidos,  a tendência é que retornem.   
Quem sobreviver a essa crise estará mais forte após a mesma.

WILTON OLIVEIRA

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O Trabalho Voluntário

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O Trabalho Voluntário
18.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaHá quase quarenta anos atrás, influenciado por um movimento da Igreja Católica, decidi continuar o trabalho social iniciado por esse grupo, em uma comunidade vizinha à minha Paróquia, trabalho esse que continuei pelos trinta e cinco anos seguintes. Nesse período, ajudado pela comunidade e por alguns amigos, construímos um prédio de três pavimentos que serve como sede da Associação, onde nos reuníamos semanalmente com as famílias, e a partir de um trecho do Evangelho refletíamos sobre as palavras do mesmo e os seus ensinamentos para a nossa vida diária. Ainda com a ajuda da comunidade e da Igreja construímos uma casa que foi destruída por uma encosta local, celebrávamos as novenas de Natal, e promovíamos o seu encerramento com uma encenação do presépio, cujos atores eram os próprios jovens. Ao final era servida uma merenda e sorteados presentes que angariávamos com amigos e alguns paroquianos. Conseguimos durante algum tempo, promover aulas de formação técnica como de confeiteiros, ajudante de mestres de obras e outros. Até hoje mantenho ótimos laços de amizade, através de visitas frequentes a essa comunidade de quem auferi grandes ensinamentos de vida, de percepção social e religiosa.
A grande lição que aprendi nessa convivência, é que um membro de uma comunidade não tem apenas direitos, mas também obrigações, e que estas podem ser exercidas segundo os dons individuais, pois desta forma esta doação torna-se muito mais agradável e muito mais fácil de ser absorvida. Cada um de nós sabe quais são seus maiores dons. Uns gostam mais de ensinar, outros de trabalhos manuais, outros de costurar, outros de ajudar idosos, outros de rezar e assim por diante. Imaginem quanto contribuiríamos  se cada um de nós fosse um multiplicador, doando apenas uma pequena porção do nosso tempo e das nossas habilidades.
Vejo muitos amigos dizendo que não têm tempo algum, mas também aprendi que tempo é uma questão de preferência. Por outro lado, não adianta fazermos nada que não nos seja agradável, pois o cansaço acontecerá muito cedo. Já vi muitas obras sociais começarem e não terminarem, exatamente porque os voluntários não exerciam uma tarefa que lhes agradassem. Lembro-me especialmente de um caso em que um grupo iniciou um trabalho em uma creche, e em pouco tempo essa ajuda se encerrou, fosse por falta de vocação, fosse por falta de comprometimento com a causa, fosse ainda por não saber trabalhar em grupo.
O trabalho voluntário é altamente gratificante, e deve ser incentivado por todo e qualquer grupo social, religioso, familiar, e mesmo pelas empresas, que hoje em dia já reconhecem que têm deveres para com a sociedade onde estão instaladas.

WILTON OLIVEIRA

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sábado, 16 de setembro de 2017

O risco político que enfrentamos

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

O risco político que enfrentamos
15.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaLendo recentemente uma entrevista do consultor político francês, Guillaume Liegey, constatamos que a abstenção eleitoral de que falávamos em artigo de outubro de 2016, de cerca de 30% em São Paulo, não é um fenômeno apenas nacional, e sim mundial. É verdade, no mundo, o eleitor está cada vez mais distante dos políticos, por não mais acreditar nestes, basicamente pela sua falta de comprometimento, que corrompem e são corrompidos por se sentirem ao abrigo da justiça, e conforme consta em um artigo de J.R. Guzzo: “consideram que é um direito adquirido manter seu padrão de vida, gastos pessoais e de consumo, e que o dinheiro para isso sai do governo e não do bolso da população”.
Desta forma, com essa política enfiada nesse lamaçal, o risco para o país, é abrir o caminho para candidatos populistas, tipo Trump nos Estados Unidos, Marie Le Pen na França, e um certo “linha dura militar” no Brasil, que está até prometendo uma saída para o mar para Minas Gerais. Felizmente para a Europa, Macron conseguiu vencer as eleições na França.
A situação no Brasil é um pouco diferente, mas por conta de um ex-presidente que decepcionou uma boa parte de seus eleitores, poderemos ver crescer candidaturas que tentem se apoiar em promessas embasadas em soluções de força, esquecendo-se de que a luta para superarmos uma ditadura foi longa e nos custou um grande atraso no desenvolvimento de novas lideranças políticas. Que políticos temos hoje? A grande maioria na faixa dos setenta anos, ou filhos destes, que ainda praticam os mesmos métodos corruptos, tentando perpetuar as quadrilhas que enganam os eleitores e sugam e desviam os recursos das comunidades que deveriam proteger e desenvolver.
Que líderes confiáveis ou quase, dispõe hoje o nosso país, nos quais possamos depositar a mínima confiança em ações dignas, que lutem por melhores condições de saúde, segurança e educação? Não vejo ninguém, pelo menos por enquanto, que desperte um fio de esperança nesse eleitorado desesperançado.
A permanecer o quadro que vislumbramos hoje, corremos o risco de eleger alguém de quem muito nos arrependeremos, e de novo veremos o nosso povo desiludido, desprotegido, cansado.
Triste Brasil!

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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Conviver em grupo

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Conviver em Grupo

Resultado de imagem para barco a velaOntem participei de uma reunião convocada pelo presidente de um clube que frequento, cujo objetivo era apresentar ao quadro social um planejamento técnico e financeiro de uma obra que visa amenizar um problema reclamado desde minha época de criança, que é a falta de estacionamento para os frequentadores. Aliás, problema de estacionamento é hoje em dia um tormento para motoristas, e uma discussão frequente para os especialistas em mobilidade urbana.
Imaginava eu que a reunião seria relativamente tranquila, já que se tratava (imaginava eu), de um assunto de natureza pacífica. Ledo engano! Apareceu até um grupo organizado que no momento em que a palavra foi liberada, atacou o projeto por todos os lados.
Meus amigos, essa introdução serve para embasar o meu assunto de hoje, que trata da dificílima arte de viver em grupo, seja lá de que tipo for: familiar, profissional ou social. Assuntos que supomos serem pacíficos em um grupo podem não ser para algum dos seus integrantes, e aí começa o nosso exercício, às vezes extremamente árduo, de conviver pacificamente com familiares, amigos, colegas.
Todos nós temos as nossas convicções, que em algum momento irão se chocar com as de alguém, e nesse momento, a depender das nossas reações, o clima poderá esquentar ou não. O que fazer? Confesso que não é fácil continuar a conversa com alguém que tenta impor a sua opinião ou é agressivo nos seus argumentos. Para mim, essa continuidade dependerá da relevância pessoal que eu confira ao assunto. Vale a pena nos estressarmos se o assunto não for importante para nós? Eu prefiro me calar ou me retirar. Mas se assunto for extremamente importante, temos que utilizar a nossa reserva de paciência e inteligência, ou mesmo “pedir vistas” para retornar posteriormente. Se a discussão descambar para a agressão verbal ainda vale a paciência; se for física, ainda vale a paciência, mas dependerá muito do nosso emocional no momento. Nesse momento que escrevo, estou lembrando de quantas vezes me vi envolvido em discussões, e confesso que já perdi o controle em inúmeros momentos. Quando a reunião é avisada com antecedência, quanto mais nos prepararmos para a mesma, melhor nos sairemos com argumentos apropriados, e nos deparando com outros melhores, reconhecermos o acerto de quem o emite.
Na reunião que menciono no início, o dirigente do clube estava muito bem preparado, e soube rebater as críticas com paciência e elegância.
Escrevo este artigo, mais como uma reflexão para mim mesmo que às vezes escorrego em alguma discussão, do que uma pretensão de ensinar aos meus amigos e amigas como devem se comportar em reuniões e discussões diversas. Gostaria muito de ouvir a opinião de todos!


WILTON OLIVEIRA

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Divagações sobre os nossos sofrimentos

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

Divagações sobre os nossos sofrimentos
07.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaQuando eu era criança meu pai deu a mim e a minha irmã uma coleção denominada Tesouro da Juventude, que para nós, efetivamente era uma maravilha de distração. Eram vários livros, e cada um era dividido em seções entre as quais me lembro de Contos da Carochinha, e uma especialmente que era o Livro dos Porquês, onde achávamos respostas para um monte de indagações como “porque tem maré alta e baixa”, porque os ventos sopram”, e outras tantas que povoam o universo de uma criança.
Não me recordo, entretanto, de ter visto nada relacionado com o título dessa nossa postagem, e de um artigo de Dom Murilo Krieger no jornal A Tarde, edição de 03.09.2017, intitulado “Uma dor sem limites”.
Já li e ouvi muitas divagações sobre o tema do sofrimento, começando por uma que afirmava que o sofrimento faz parte da purificação do espírito, ideia que nunca absorvi, e que ainda acho absurda. Outras diziam que era a vontade de Deus, que também nunca entendi. Sempre aceitei a ideia de que boa parte do sofrimento humano é consequência de suas próprias escolhas e atos.
Dom Murilo começa perguntando o que a fé nos ensina sobre o sofrimento? Ele continua afirmando que Deus não quer o sofrimento de ninguém, e que seria um absurdo dizer que o que aconteceu (refere-se ao desastre da lancha de Mar Grande) é vontade de Deus., porque Deus é amor. Ele continua, perguntando, “onde encontrar uma explicação para tamanho sofrimento?” Aqui ele enumera algumas causas de sofrimentos:
·         Sofrimentos causados pela natureza. Pouca coisa podemos fazer, embora em muitos casos o homem contribua;
·         Sofrimentos que nascem de descuidos. Uma criança que se queima por não prestarmos atenção;
·         Sofrimentos que nascem do coração humano, que premeditadamente quer fazer o outro sofrer ou morrer, e faz;
·         Sofrimentos que nascem de omissões ou irresponsabilidades.
Cada erro que cometemos na nossa vida, deveria ser uma lição a aprender, uma topada ou etapa que poderemos evitar ou minorar para o futuro. Deus não pode ser a fonte de nossos sofrimentos; procuremos a sua origem e peçamos a ajuda desse mesmo Deus.

WILTON OLIVEIRA

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A cura pelo amor

DIÁRIO DE UM CIDADÃO

A cura pelo amor
06.09.2017

Resultado de imagem para barco a velaEsta semana fui ao sepultamento de um amigo que encerrou seus dias de vida em um abrigo de idosos, onde foi colocado pelos seus filhos. Estava sofrendo de Alzheimer, já não tinha vontade própria, mas tirar ele do convívio social, da família, ficar sem amor, carinho, pode ter abreviado a existência de meu amigo Flávio. Sim, o amor, o carinho, o cuidado podem prolongar a vida de alguém, pelos milhares de estímulos nervosos que provocam nas fibras, nervos e vasos do nosso corpo, iniciando uma explosão de renovação das nossas células. Está aí a neurociência que pode confirmar as reações do nosso corpo e as respostas do nosso sistema nervoso.
Semanalmente esse amigo se encontrava conosco, conversávamos, tomávamos umas cervejas, e após umas cinco, ele pagava sua conta, pegava um taxi e ia pra casa. Após algum tempo notávamos que ele estava esquecendo-se de fatos e nomes, mas adorava sentar defronte do mar, que ele dizia ser a melhor vista do mundo.
Ele morava só, apenas uma empregada lhe servia, e desconhecemos se alguém o visitava. Contado por ele, caiu da cama algumas vezes. Uma vez ele chegou muito cedo, e como o sol estava muito forte, ele tombou desacordado no banco, tendo sido atendido pelo SAMU. Uns disseram que tinha sido fome.
Preocupado com o estado dele, cheguei a comprar palavras cruzadas, e consegui anotar o telefone de um filho dele, para quem enviei algumas mensagens informando a nossa preocupação sobre o seu estado de saúde mental. A única distração dele era sentar com os amigos, conversar, ouvir as piadas, e depois ir pra casa.  Se fosse meu pai eu teria o maior prazer em leva-lo e trazê-lo pra casa. Depois de uma certa idade temos obrigação de cuidar de nossos pais, fazê-los felizes, da mesma forma que trataram de nós. O dono do restaurante começou a nos informar que ele começou a se atrapalhar sobre os dias da semana e chegava em dias diferentes.
Como ele começou a faltar, consegui que o filho me informasse que ele tinha sido hospitalizado, sendo encaminhado depois para um abrigo, onde faleceu.
Um abrigo! Vale a pena? Será que ele passou dias felizes, longe da família e dos amigos? É esse fim que os filhos reservam para os pais?
O meu sentimento é que faltou a esse nosso amigo um pouco de atenção e cuidado da sua família. Alguém na sua idade com alguma deficiência mental deve ser cuidado constantemente, mas não priva-lo de convívio social. Minha irmã cuidou de minha mãe por oito anos, e ela estava esquecida e não andava. Quando me perguntavam por que eu ia vê-la, se ela não me reconhecia, eu respondia que apesar de tudo eu a reconhecia. Saudades de minha mãe! Não quero pensar que estamos vivendo em um tempo em que os idosos são descartados!

WILTON OLIVEIRA